terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A ciência por trás do CSI

por Tom Harris - traduzido por HowStuffWorks Brasil, adaptado por Marcela ReisO CSI  ou investigação criminal, é uma famosa série americana sobre o cotidiano de peritos criminais de Las Vegas, ou como no Brasil são chamados “criminalistas”. A série já esta no ar a dez anos e aqui em terras tupiniquins esta sendo reprisado toda a séria pela rede Record. Como acompanho esta série desde o início pude perceber a evolução da própria ciência sendo empregada para desvendar os crimes. A série é composta de vários personagem, cada um com sua especialidade. Biólogos, químicos, físicos, enfim eles mesmos se intitulam cientistas. É claro que se tratando de ficção, muitas das teorias desenvolvidas na série são toscas, mas vou comentar sobre algumas das técnicas mais empregadas na busca de pistas.

Neste artigo, descobriremos como o composto, conhecido como luminol, pode revelar pistas ocultas em um crime. Como veremos, este produto químico é incrível, mas possui algumas desvantagens e limitações que não são geralmente mostradas na TV. Vamos começar falando sobre o luminol, pois poderemos revisar alguns conceitos de química, bioquímica e biologia celular.

O que o luminol faz?

Grande parte da investigação da cena do crime é baseada na noção de que nada desaparece sem deixar uma pista. Isto é particularmente verdadeiro no caso de vítimas de crimes violentos. O assassino pode se livrar do corpo da vítima e limpar as manchas de sangue, mas sem alguns produtos químicos de limpeza pesada sempre haverá algum resquício. Minúsculas partículas de sangue se prenderão às superfícies que foram atingidas há anos, sem que ninguém jamais saiba que estavam ali.

O princípio do luminol é revelar traços de sangue através de reação química geradora de luz entre diversas substâncias químicas e a hemoglobina, aquela proteína presente no sangue responsável pelo transporte do oxigênio. As moléculas se quebram e os átomos rearranjam-se para formar diferentes moléculas. Nesta reação em particular, os reagentes (moléculas originais) têm mais energia que os produtos (moléculas resultantes). As moléculas se livram da energia extra sob a forma de fótons de luz visível. Este processo, geralmente conhecido como quimiluminescência, é o mesmo fenômeno que faz com que os vaga-lumes brilhem no escuro e você também já deve provavelmente ter usado aquelas pulseiras luminescentes em formaturas. Os investigadores pulverizam uma área suspeita, apagam as luzes, fecham as cortinas e procuram por uma luz verde ou azulada. Se houver traços de sangue na área, essas luzes aparecerão.

A reação química


O produto químico principal nesta reação é o luminol (C8H7O3N3), composto cristalizado a base de nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e carbono. Os criminalistas misturam o pó de luminol com um líquido contendo peróxido de hidrogênio (H2O2), um hidróxido (OH-) e outros produtos químicos e despejam o liquido em um borrifador. O peróxido de hidrogênio e o luminol são os principais agentes da reação química, mas para que produzam um brilho forte, precisam de um catalisador para acelerar o processo, neste caso os íons de ferro contido na proteína hemoglobina do sangue.

Para executar um teste com luminol, os criminalistas pulverizam a mistura em qualquer lugar onde possivelmente tenha traços de sangue, ou seja, onde possivelmente ocorreu uma luto ou o crime. Se a hemoglobina e a mistura de luminol entram em contato, o ferro na hemoglobina acelera a reação entre o peróxido de hidrogênio e o luminol. Nesta reação de oxidação, o luminol perde átomos de nitrogênio e hidrogênio e adquire átomos de oxigênio, resultando em um composto denominado 3-aminoftalato. A reação deixa o 3-aminoftalato em um estado de energia mais elevado, pois os elétrons dos átomos de oxigênio são empurrados para orbitais mais elevados. Os elétrons retornam rapidamente para um nível de energia menor, emitindo a energia extra em forma de um fóton de luz. Com o ferro catalisando (acelerando) o processo, a luz brilha o suficiente para ser vista em um ambiente escuro.

Como os investigadores usam o luminol


Se o luminol revelar traços aparentes de sangue, os investigadores irão fotografar ou filmar a cena do crime para registrar a amostra. Normalmente, o luminol apenas mostra aos detetives que pode haver sangue na área, já que outras substâncias, inclusive água sanitária doméstica, podem fazer com que o luminol brilhe. Os investigadores experientes podem fazer uma identificação confiável baseada na velocidade em que a reação ocorre, mas ainda precisam fazer outros testes para verificar se realmente se trata de sangue humano (nestes casos, entram outras técnicas de biologia molecular, que iremos discutir em uma próxima postagem).

O luminol sozinho geralmente não resolve um caso de assassinato. É apenas mais um passo no processo investigativo. Mas ele pode revelar informações essenciais para fazer com que uma investigação possa avançar. Amostras ocultas de sangue, por exemplo, podem ajudar os investigadores a localizar o ponto de ataque e até que tipo de arma foi usada (uma bala faz o sangue espirrar de maneira diferente de uma faca). O luminol pode também revelar leves marcas de sangue em sapatos, proporcionando aos detetives dados valiosos sobre o atacante e o que ele pode ter feito depois do ataque.

Em alguns casos, o luminol pode conduzir os investigadores a mais evidências. Se ele detecta traços de sangue em um tapete, por exemplo, os detetives provavelmente puxarão o tapete para descobrir sangue visível nas tábuas do assoalho.

O luminol é uma ferramenta definitivamente valiosa para o trabalho da polícia, mas não é predominante para a investigação do crime, como mostram alguns programas de TV. A polícia não vai entrando na cena do crime e pulverizando cada superfície visível. O problema com o luminol é que a reação química pode destruir outras evidências na cena do crime. Por esta razão, os investigadores apenas usam luminol após explorarem as outras opções.

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